ENCHARCADO, DERROTADO, MAS CLASSIFICADO

     Sempre que vou falar do América nesta Copa do Brasil, digo que o time fez história. Mas agora, que me perdoem os leitores, serei redundante: o time americano mais uma vez faz história, alcançando as semifinais da Copa do Brasil e, desde 2009, o primeiro time da Série B a chegar tão longe na competição - naquele ano, o Vasco chegou até as semis.

    Para ontem, o cenário prometia ser difícil, pois choveu bem forte em Belo Horizonte antes, durante e após o jogo, além de o Inter contar com a volta de Edenílson após lesão no sábado, além das entradas de D'Alessandro e Leandro Fernández no time titular. Com o gramado encharcado, pesado, mas sem poças d'água, a partida prometia ficar mais amarrada, com ambas as equipes buscando explorar a bola longa e não o toque de bola.

    E o que se esperava acabou acontecendo: o Inter foi melhor o primeiro tempo todo, teve mais presença no campo ofensivo, mas nada de conseguir chutar a gol. Tive a impressão de que a equipe tentava demais no chutão, errando bastante, principalmente com os zagueiros. Mesmo com o campo molhado, dava pra tocar um pouco mais. Enquanto isso, o América se postava atrás e tentava algo nos contra-ataques, mas o colorado marcava bem. Foi com os dois times jogando assim que tivemos este número ao final do primeiro tempo: 0 chutes a gol de ambos os lados.

    O segundo tempo foi ligeiramente melhor, pois o Inter precisava da vitória. Mas quem atacou com perigo foi o América, aos 17, em falta cobrada por Geovane bem defendida por Marcelo Lomba. Mesmo precisando do resultado, o Internacional permanecia sem criar, apesar das mexidas feitas por Abel, pois o Coelhão conseguia se defender muito bem, tendo em Messias seu principal socorro defensivo. Mas aí, no momento em que todos esperavam a confirmação da classificação do América, veio o gol colorado: faltando 20 segundos, Lindoso cobrou falta em direção à área, Galhardo dividiu com Anderson e a bola sobrou para Yuri Alberto, nas costas de Juninho, marcar o gol da vitória, dando uma sobrevida para o Internacional na disputa por pênaltis.

    Na marca da cal, tivemos uma boa disputa. O América abriu 2 a 0 com Léo Passos e Messias e o erro de Thiago Galhardo, mas sofreu o empate depois do erro de Daniel Borges. Quando cada equipe já havia batido 5, o capitão Juninho pôs o Coelho de novo na frente, mas Uendel, pelo Internacional, jogou para fora, sepultando a equipe gaúcha. Em uma semana de trabalho, Abel já tem duas derrotas e uma vitória, mas mesmo quando ganha, é eliminado. Será que o Inter está feliz com a troca de comando? Haverá fôlego para lutar pelo título do Brasileiro? São perguntas que serão respondidas nas próximas partidas.

Em tempo:

_ Atitude nota 0 de Rodinei, que zoou a equipe americana após o gol colorado. Acabou pagando com a língua.

_ Numa partida ruim tecnicamente, nota 10 para o árbitro, que levou bem o jogo e não enervou os jogadores, tarefa difícil no Brasil ultimamente.

_ Lisca está fazendo história. Será que merece chance em uma Série A?

_ O América perdeu, ok, mas teve 23% de posse de bola no jogo. Surpreendente.


AMÉRICA 0x1 INTERNACIONAL (agregado:1x1)
Copa do Brasil 2020 - Quartas de final - Volta
Decisão por pênaltis: 6 x 5
Data: 18/11/2020, 21h30
Local: Independência, Belo Horizonte (BH)
Árbitro: Vinicius Gonçalves Dias
Gol: Yuri Alberto 50 do 2°
Cartão amarelo: Juninho, Felipe Azevedo e Cuesta
Cartão vermelho: Alê e Rodrigo Lindoso

AMÉRICA: Matheus Cavichioli (6); Diego Ferreira (6,5), Messias (7), Anderson (6) e João Paulo (6); Flávio (5,5) (Sabino, sem nota), Juninho (5,5) e Geovane (5,5) (Alê, 5); Ademir (5,5) (Daniel Borges, sem nota), Felipe Azevedo (5) (Marcelo Toscano, sem nota) e Rodolfo (5) (Léo Passos, 5,5). Técnico: Lisca (6).

Cobranças: Léo Passos, Messias, Sabino, Marcelo Toscano, João Paulo, Juninho (convertidos) Daniel Borges (para fora).

INTERNACIONAL: Marcelo Lomba (6); Rodinei (5,5), Zé Gabriel (6,5), Cuesta (6,5) e Moisés (6) (Uendel, 5); Rodrigo Lindoso (6,5), Rodrigo Dourado (6) (Caio, 5,5), Edenílson (6) e D'Alessandro (5,5) (Praxedes, 5,5); Thiago Galhardo (5) e Leandro Fernández (5,5) (Yuri Alberto, 7). Técnico: Abel Braga (5).

Cobranças: Rodrigo Lindoso, Edenílson, Yuri Alberto, Rodinei, Praxedes (convertidos) Thiago Galhardo e Uendel (para fora).

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