EU QUE NÃO ME ILUDO MAIS

    Após as duas vitórias seguidas da última semana, muitos flamenguistas entraram em delírio, crendo novamente na possibilidade do título, pois o Flamengo era o clube que, ao lado do Inter, dependia só de si para ser campeão. Eu, como bom torcedor desconfiado, continuei apostando em G4, muito pelo trabalho técnico, que não apresenta evoluções relevantes. E ontem, essa minha desconfiança ficou ainda mais forte, pois o rubro-negro carioca visitou o Athletico na Arena da Baixada e saiu derrotado por 2 a 1, ficando distante do líder Internacional. A má fase técnica de alguns jogadores e a falta de personalidade e inteligência do técnico foram a tônica dessa derrota.

    Para tentar dar alguma cara à equipe, Rogério Ceni manteve o time-base dos últimos jogos, só fazendo mudanças onde não tinha titulares à disposição. Foi assim no lado esquerdo de ataque, com Bruno Henrique suspenso, e no miolo de zaga, com o lesionado Rodrigo Caio. Ceni apostava em Vitinho pela ponta, dando um voto de confiança para este jogador tão criticado, enquanto colocava Gustavo Henrique na zaga ao lado de Willian Arão. Se a segunda mudança deu até relativamente certo, a primeira teve nenhum resultado, com Vitinho errando demais o jogo todo.

    O ritmo do primeiro tempo foi bem parecido com aquele Furacão e São Paulo que analisei aqui semana passada, que teve o time visitante com a posse de bola enquanto o time paranaense tentava criar nos contra-ataques. Só que ontem, diferentemente do domingo anterior, o Athletico teve boas oportunidades, conseguindo marcar na metade da etapa inicial. Apostando nas invertidas da direita para a esquerda, o Furacão já chegou com perigo aos 8, mas Abner não aproveitou, causando um bololô na área. Aos 20, Hugo teve que trabalhar, primeiro no chute cruzado de Carlos Eduardo e depois no rebote de Renato Kayzer. Enquanto isso, o Flamengo ficava com a bola, mas era pouco objetivo.

    Aí, aos 25, em jogada parecidíssima com a que citei ocorrida aos 8 minutos, o Athletico abriu o placar: Nikão fez ótima virada de bola da esquerda para a direita, achando Abner livre, nas costas de Isla, para fazer o 1 a 0. A jogada foi de um erro total de marcação, em que o lateral chileno não marcou ninguém. Cinco minutos depois, a mesma jogada se repetiu, mas agora Éverton Ribeiro foi quem bobeou na marcação. Menos mal que Hugo fez a defesa, segurando a desvantagem de um gol. Aos 34, Gustavo Henrique empatou o jogo, completando ótima cobrança de falta de Arrascaeta com uma bela cabeçada, no canto de Santos.

    Para o segundo tempo, sem mexidas, o jogo voltou naquele ritmo de chove não molha anterior ao primeiro gol do jogo, só que agora sem chances de perigo do Athletico. Entre os jogadores de meio e ataque do Flamengo, Éverton Ribeiro esteve mal, Gerson sumido e Arrascaeta era apagado, apenas com Diego tentando produzir alguma coisa. Quanto a Vitinho, ele errava tudo o que tentava, só fazendo um bom trabalho no setor defensivo, mas, na maioria das vezes, quando ele mesmo perdia a bola. Para tentar mudar o panorama do jogo, Ceni sacou Éverton Ribeiro para colocar Pepê, mas cometeu o equívoco de tirar Gabriel para a entrada de Pedro, nunca deixando os dois jogarem juntos mesmo com o time precisando da vitória. Ele poderia muito bem ter tirado Vitinho, passando Arrascaeta mais para a esquerda. Entretanto, a dita "boa recomposição" de Vitinho era quem o assegurava em campo.

    Enquanto isso, o Grêmio vencia o Inter em pleno Beira-Rio, o que deixaria o Flamengo a apenas 1 ponto do líder em caso de vitória. Por isso, marcar o segundo gol era essencial, e com um time mais ofensivo o resultado estaria mais perto de vir. Mas aí, para quem tanto pensou em recomposição defensiva, veio o segundo gol do Athletico: em jogada pela esquerda, lado do próprio Vitinho, Khellven cruzou para Renato Kayzer, que só escorou para o gol, aproveitando um Hugo mal posicionado. Àquela altura, desisti de vez da vitória.

    No fim, o Flamengo ainda tentou, mas pouco fez. Curiosamente, com o resultado adverso, Ceni enfim sacou Vitinho, colocando o centroavante Rodrigo Muniz. Ora, se Pedro e Gabriel não podem jogar juntos, então Pedro e Muniz podem? Como diziam os gremistas na época de Celso Roth, quem tem Roth tem medo. Aqui, quem tem Ceni tem medo.

    Ainda deu tempo para o Inter virar o jogo em cima do Grêmio, indo para 62 pontos e aumentando para 7 a distância sobre o Flamengo. mesmo com um jogo a menos, discreio muito que o octa virá, prefiro pensar em G4. Agora aumenta de novo a pressão sobre Rogério Ceni, que vive situação incerta no cargo. Eu não demitiria, a não ser que venha alguém pensando na temporada 2021, e não um tampão. Se bem que achar um bom técnico pensando na próxima temporada será difícil, visto a máquina de moer técnicos que é o Flamengo.

Em tempo:

_ Vitinho é a pior contratação da história do Flamengo considerando a relação custo-benefício. Contratado a peso de ouro, o camisa 11 fez poucos jogos, nunca engrenando numa sequência de boas partidas. É rezar para outro time vir e pagar algo pelo jogador, pelo menos para recuperar parte do valor investido.


ATHLETICO 2x1 FLAMENGO
Campeonato Brasileiro 2020 - 32ª rodada
Data: 24/01/2021 - 16h
Local: Arena da Baixada, Curitiba (PR)
Gols: Abner 25 e Gustavo Henrique 34 do 1°; Renato Kayzer 38 do 2°
Cartão amarelo: Jonathan e Nikão

ATHLETICO: Santos (5,5); Jonathan (6) (Khellven, 6,5), Pedro Henrique (6,5), Thiago Heleno (5,5) e Abner (7); Richard (5,5) (Zé Ivaldo, sem nota), Christian (6) (Alvarado, 5,5), Fernando Canesin (5,5) (Jadson, 5,5), Nikão (7) e Carlos Eduardo (6) (Vitinho, 6); Renato Kayzer (6,5). Técnico: Paulo Autuori (6,5).

FLAMENGO: Hugo Souza (6,5); Isla (5) (Matheuzinho, sem nota), Willian Arão (5,5), Gustavo Henrique (6,5) e Filipe Luís (5,5); Diego (6,5), Gerson (5), Éverton Ribeiro (4,5) (Pepê, 5) e Vitinho (4) (Michael, sem nota); Arrascaeta (5) (Rodrigo Muniz, sem nota) e Gabriel (5) (Pedro, 5,5). Técnico: Rogério Ceni (4,5).

Comentários

Postagens mais visitadas