#9 FUTHISTÓRICO: PORTUGAL NO TOPO, PELA ÚLTIMA VEZ

    Quando pensamos nos grandes times da Europa atualmente, muitos citarão os ingleses, com Liverpool, City e Chelsea, outros lembrarão de PSG e Bayern, que decidiram a última Liga dos Campeões, enquanto outros Barcelona, Juventus e Real Madrid. Nesse exercício de imaginação, poucos lembrariam da dupla Porto e Benfica, que já não se destacam na Europa há um bom tempo, e para aqueles que não os viram alcançar as glórias, eles são meros coadjuvantes. Pois houve um tempo onde um clube português deu as cartas na Europa, conquistando o título da UCL. E é para esse tempo que viajamos hoje, aqui no FutHistórico.

    Passando por grandes equipes, Monaco e Porto chegaram na final daquela Champions mostrando que era sim possível passar pelos gigantes: enquanto o clube do principado eliminou anteriormente Real Madrid e Chelsea, o Porto deixou Manchester United e Lyon para trás, credenciando-se com merecimento para a  grande final. E ali, naquele gramado de Gelsenkirchen, o Dragão ressurgiria, liderado pela figura de um José Mourinho em ascensão na casamata.

    Com seu clássico 4-3-1-2, o Porto tinha um meio-campo marcador e criador, com Maniche fazendo bem seu papel de subir e voltar e Deco armando o jogo. Além deles, Carlos Alberto era o homem do drible pela esquerda, encostando no bom centroavante Derlei na frente. Já o Monaco seguia um esquema parecido, mas disfarçado de 4-3-3: munido de três volantes, a equipe de Didier Deschamps dependia da armação de Rothen e a velocidade de Giuly para a bola chegar no glorioso Morientes. Com dois esquemas espelhados, o duelo tático e técnico seria muito importante.

    Ao contrário de outras finais, o jogo começou frenético, amplamente dominado pelo Monaco. A equipe monegasca quis resolver logo a parada, tentando aproveitar espaços deixados pela linha de impedimento do Porto. Numa dessas jogadas, Bernardi fez belo lançamento para Giuly, que sairia na cara do gol, mas o bom goleiro Vitor Baía estava atento e saiu como um líbero para tirar a bola do atacante. Vendo que ali poderia ser a chave para o gol, o Monaco apostou bastante nesse tipo de jogada, mas várias vezes Morientes ficava impedido.

    O jogo seguia nesse ritmo até que, aos 23, Giuly teve que ser substituído por causa de uma lesão, com Pršo entrando em seu lugar. Essa mudança mudou o estilo de jogo do Monaco, que teria dois centroavantes esperando a bola no ataque, sem alguém de velocidade para encostar neles. Assim, Rothen ficou sobrecarregado no ataque. Aproveitando esse panorama, o Porto tomou conta do jogo, dominando as ações. Deco e Carlos Alberto cresceram na partida, assim como os laterais.

    Foi a partir de uma jogada do lateral direito Paulo Ferreira que o Porto saiu na frente no placar. Em cruzamento da direita, o camisa 22 achou Carlos Alberto, que dividiu com o zagueiro e, na sobra, acertou um balaço no ângulo de Roma. Gol merecido para premiar o brasileiro, que apesar das dificuldades, mostrava-se muito a fim de jogo. O 1 a 0 favorável deixava o Porto "tranquilo" para o segundo tempo, enquanto o Monaco tinha muito a mudar, pois as jogadas de lançamentos para os dois centroavantes não estavam dando certo.

    Para o segundo tempo, o jogo voltou na mesma toada, com a equipe do principado optando por lançamentos longos e o Porto jogando mais no chão, nos passes ou na velocidade. A única mudança foi que, com Carlos Alberto menos acionado devido ao cansaço, o Monaco tinha mais a bola no campo de ataque. Apostando tudo na vitória, Deschamps tirou Cissé e colocou Nonda em campo, tornando o time mais ofensivo. E foi justamente após uma bola perdida no ataque que saiu o segundo gol português, aos 26 minutos, com Alenichev aproveitando contra-ataque e passando para Deco ampliar.

    Não deu nem tempo para o Monaco responder. Quatro minutos depois, aos 30, Alenichev recebeu outra bola pela esquerda da área e, cara a cara com Roma, deu um chutaço, decretando a vitória por 3 a 0. Àquela altura, com apenas 15 minutos em campo, o russo escrevia seu nome na história da final, autor de um gol e uma assistência. Nos minutos finais, só restou ao Porto se defender e segurar a pressão do Monaco, que embora não tenha exigido grandes defesas de Vitor Baía, foi perigoso e deu alguns sustos, mas nada que mudasse o placar.

    Ao apito final do árbitro Kim Milton Nielsen, o Porto pôde comemorar sua segunda conquista de Liga dos Campeões, igualando o grande rival Benfica. Após 17 anos, Portugal nunca mais esteve tão em evidência no cenário de futebol de clubes, e os portugueses esperam muito que isso volte a acontecer logo. Com o Porto nas quartas de final da temporada atual depois de eliminar a Juventus de Cristiano Ronaldo, não custa muito sonhar.


MONACO 0x3 PORTO
UEFA Champions League 2003/2004 - Final
Data: 26/05/2004 - 20h45
Local: Arena AufSchalke, Gelsenkirchen (ALE)
Árbitro: Kim Milton Nielsen (DIN)
Gols: Carlos Alberto 39 do 1º; Deco 26 e Alenichev 30 do 2º
Cartão amarelo: Nuno Valente, Carlos Alberto e Jorge Costa

MONACO: Flávio Roma (5,5); Ibarra (6,5), Julien Rodriguez (5), Givet (5) (Squillaci, 5,5) e Evra (5,5); Édouard Cissé (5,5) (Nonda, 5), Bernardi (5,5), Zikos (5) e Rothen (5); Giuly (5,5) (Pršo, 5) e Morientes (4,5). Técnico: Didier Deschamps (5).

PORTO: Vitor Baía (6); Paulo Ferreira (6), Jorge Costa (6,5), Ricardo Carvalho (6) e Nuno Valente (5,5); Costinha (6,5), Pedro Mendes (5,5), Maniche (6) e Deco (7) (Pedro Emanuel, sem nota)); Carlos Alberto (6,5) (Alenichev, 7,5) e Derlei (5) (McCarthy, sem nota). Técnico: José Mourinho (6,5).


Galeria

Os melhores momentos dessa grande final vencida pelo Porto.


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