VITÓRIA HISTÓRICA, APESAR DA DEFESA ABERTA

    Em meus 21 anos de idade e quase 16 acompanhando futebol, nunca havia visto o Flamengo vencer jogando na Argentina. Pois ontem, mesmo sem ser brilhante, o time rubro-negro conseguiu reverter uma desvantagem de 2 a 1 para o Vélez e conseguir a vitória, saindo na frente no grupo contra um adversário tão difícil. No entanto, foi preocupante a atuação da defesa, que vacilou e concedeu espaço para as ocasionais subidas do time argentino.

    Escalado com a formação que divulguei pouco antes do jogo, o Flamengo apostou na manutenção do time titular com Gustavo Henrique na zaga ao lado de Arão, visando ganhar no jogo aéreo. Já o Vélez veio num esquema com três zagueiros, esquema bastante difundido atualmente, com o destaque Thiago Almada, ex-afeto do Fla, na ponta direita. A partida começou equilibrada, com o Fla ligeiramente melhor mas sem conseguir agredir. Por sua vez, o Vélez se defendia, apostando num contragolpe.

    Da primeira chance dos argentinos no jogo já saiu o gol: em jogada pela direita, Lucero deixou um afobado Gustavo Henrique no chão e passou para trás, tocando para Janson abrir o placar, no contrapé do goleiro Diego Alves. O lance do gol foi bem parecido ao do River Plate na final da Libertadores de 2019, quando a marcação não conseguiu chegar a tempo. Dessa vez, o erro foi de Arão e, principalmente, de Gerson, que voltou apenas trotando para a defesa.

    A atuação não era boa: com Gerson sumido e Bruno Henrique bem marcado, o Flamengo tinha em Diego um centro voluntarioso e com vontade no ataque, sofrendo com entradas duras dos argentinos. Éverton Ribeiro também era razoável, longe do futebol que o consagrou em 2019, mas bem distante também da ruindade recente. Outro destacável era Gabigol, que aparecia com muita vontade. Entretanto, essa conjunção de fatores não era suficiente para empatar.

    Faltava um Gerson no jogo, e quando ele apareceu, o Flamengo chegou o empate. Pegando a sobra de um escanteio, o camisa 8 achou Arão desmarcado na área, que conseguiu o 1 a 1, resultado mais justo para como o jogo se apresentava. No lance seguinte, novamente Gerson apareceu, mas Éverton Ribeiro perdeu um gol feito, preferindo tocar em vez de chutar.

    No segundo tempo, o Vélez voltou mais aceso, enquanto Gustavo Henrique fazia o favor de ser amarelado logo a 1 minuto por uma falta no meio-campo. O cenário não era bom, ficando ainda pior com o segundo gol dos argentinos aos 9: em cobrança de escanteio, Gianetti subiu mais alto que Gustavo Henrique, dando a assistência para Janson, de novo ele, colocar o Vélez de novo na frente. Mais um erro de Gustavo e mais uma falha do sistema defensivo rubro-negro.

    A sorte é que temos Gabigol: sempre atento no ataque, o artilheiro fez boa jogada, recebendo passe na área e agindo com inteligência para ser derrubado pelo goleiro Hoyos. Pênalti claro. Na cobrança, o camisa 9 mostrou mais uma vez que domina esse fundamento, batendo com tranquilidade no cantinho do goleiro. O 2 a 2 fez o jogo ficar em momentos menos emocionantes, com o Flamengo tentando construir e o Vélez pensando num contra-ataque mágico.

    Até que Arrascaeta resolveu mostrar sua genialidade. Disposto a calar os críticos da imprensa, como alguns que o chamam de jogador comum e outros absurdos, o uruguaio da 14 recebeu na entrada da área e, de canhota, acertou o ângulo do goleiro Hoyos. Um golaço de craque, mostrando que a presença dele em campo é essencial para o time. Na reta final do jogo, ainda deu tempo de Mancuello entrar aos 41 e ser expulso dois minutos depois, ajudando para uma pressão menos efetiva dos argentinos ao final do jogo.

    Foi um jogo histórico, mas a atuação defensiva continua a preocupar, independente de qual zagueiro jogue por ali. Por isso, entendo que o ideal seja sacar Diego e passar Willian Arão para o meio, marcando melhor. O capitão e camisa 10 foi muito bem, o melhor em campo jogando de volante e com 36 anos, mas precisa voltar ao banco para o time melhorar defensivamente. Penso que só assim podemos nos consolidar para o mata-mata, já que não sofrer gols é ainda mais fundamental nessa fase.

Em tempo:

_ Deu até dó de Mancuello pela expulsão tão rápida. Ele não foi um primor técnico por aqui, mas ficou longe de ser um dos piores do time. Aqueles elencos de 2016 e 2017 também não foram tão solidários com o meia.


VÉLEZ SARSFIELD 2x3 FLAMENGO
Copa Libertadores da América 2021 - Fase de grupos - 1ª rodada
Data: 20/04/2021 - 21h30
Local: Estádio José Amalfitani (ARG)
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
Gols: Janson 21 e Willian Arão 43 do 1º; Janson 9, Gabigol 17 e Arrascaeta 35 do 2º
Cartão amarelo: Cáseres, Lucero, Hoyos, Almada, Galdames, Gabriel Batista, Gustavo Henrique, Diego Alves, Bruno Henrique e Diego
Cartão vermelho: Mancuello

VÉLEZ SARSFIELD: Hoyos (5); Gianetti (7), Abram (6) e Brizuela (5,5) (De la Fuente, sem nota); Guidara (6) (Monzón, sem nota), Galdames (5,5), Cáseres (5) (Mancuello, 2) e Ortega (5,5) (Bouzat, sem nota); Almada (5) (Orellano, 5,5), Janson (7,5) e Lucero (5,5). Técnico: Mauricio Pellegrino (5,5).

FLAMENGO: Diego Alves (5); Isla (5,5), Willian Arão (6,5), Gustavo Henrique (4,5) (Bruno Viana, 6) e Filipe Luís (5,5); Diego (7), Gerson (6,5) (Hugo Moura, sem nota), Éverton Ribeiro (5,5) (Vitinho, sem nota) e Arrascaeta (6,5); Bruno Henrique (5) (Pedro, sem nota) e Gabigol (6,5). Técnico: Rogério Ceni (5,5).

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