CAMPEÃO NO REGULAMENTO E NO MERECIMENTO

    Antes de falar especificamente do jogo desse sábado, preciso dizer que o título mineiro do Atlético foi justo e merecido. Dono da melhor campanha do torneio, o Galo foi mesmo o time mais eficiente e que mostrou o melhor futebol do estado, conquistando seu 46º Campeonato Mineiro. Ter sido campeão com dois empates, fazendo valer a vantagem, é apenas um mero detalhe, que valoriza a liderança conseguida na primeira fase. E mesmo se não houvesse vantagem, quem foi melhor dentro de campo, excluindo-se os erros de arbitragem, foi mesmo o Atlético.

    A partida foi de um panorama parecido com o do primeiro jogo. Apesar de ter começado a etapa inicial um pouco melhor, principalmente com a boa movimentação de Felipe Azevedo pela ponta esquerda, o América foi perdendo terreno aos poucos, e a partida foi ficando mais equilibrada. O Galo chegou primeiro, com Igor Rabello aparecendo na área e finalizando de carrinho, mas Matheus Cavichioli fez sensacional defesa. A cara era mesmo de uma partida acirrada, embora o Atlético fosse mais objetivo.

    Não era uma partida brilhante por parte do Galo, mas o time esteve longe de apresentar aquela terrível lentidão do primeiro tempo no Independência. O lado direito aparecia bem, com Guga, Savarino e até Nacho caindo por ali, mas o mesmo não acontecia pelo outro lado, com Keno e Guilherme Arana. Os dois pouco participaram do jogo, e o resultado foi um time sem tanta criatividade e que não conseguia acionar Hulk. Na única vez que conseguiu superar a zaga do Coelho, o centroavante passou a Nacho, que chutou cruzado para outra grande defesa de Cavichioli.

    No segundo tempo, o cenário da partida mudou um pouco, com o América se posicionando mais à frente, tentando pressionar a saída de bola do Atlético. E logo aos seis minutos, veio o lance que poderia ter mudado o jogo: Felipe Azevedo foi derrubado na área por Igor Rabello, e o árbitro errou ao marcar o pênalti. Rodolfo seria o cobrador, o artilheiro do campeonato e o jogador que acertou os dois pênaltis contra o Cruzeiro nas semifinais. Mas ao bater com força, alto e no meio do gol, o camisa 9 perdeu, acertando o travessão. O título ainda era do Galo.

    Depois disso, o Galo saiu um pouco mais, aproveitando uma pequena baixada de guarda do time americano. Igor Rabello quase fez o seu, mas foi apenas mais um dos chutes perigosos que não conseguiam acertar o gol de Matheus Cavichioli. As substituições de Cuca vieram mais para manter o placar do que para matar o jogo, mudando pouco o time em termos de formação em campo. Já o América veio para o abafa, com mexidas ofensivas buscando o gol. Mas alguns jogadores entraram mal, e não puderam contribuir para a vitória.

    Quanto tudo já estava armado para a festa atleticana, veio um lance polêmico na área do Galo. Depois de cruzamento de Diego Ferreira, Eduardo Bauermann subiu inteiro para cabecear, mas foi empurrado. O árbitro nada deu, e nem o VAR chamou Felipe Fernandes de Lima para revisar. Curiosamente, o mesmo árbitro marcou um pênalti parecido para o América nas semifinais, em jogo contra o Cruzeiro, mas dessa vez não deu a penalidade. Diante de muita reclamação, soou o apito final, e o Atlético pôde comemorar mais um título mineiro.

    O título simboliza uma recuperação do Atlético na temporada, após momentos de oscilação com Cuca em semanas anteriores. Ainda há muito para evoluir, pois o time joga de forma pragmática em certos momentos, mas o pior certamente já passou, como quando a equipe cruzou 60 bolas contra o La Guaira. Ontem foram 15, número muito mais aceitável para um dos melhores elencos brasileiros, e um dos favoritos ao título nacional. O estadual pode ser o primeiro de mais taças ao longo da temporada. Já para o América, fica a organização de um bom time, com um trabalho muito bom e preparado para a Série A. Se jogar o Brasileirão como nas finais, a expectativa é de permanência para a primeira divisão do ano que vem. É o que todos os americanos mais querem para 2021, e o time tem totais condições de alcançar esse objetivo.

Em tempo:

_ Hulk foi praticamente anulado pela dupla de zaga do América. Sem espaço, o centroavante deu apenas um chute nos 89 minutos em que esteve em campo.



ATLÉTICO 0x0 AMÉRICA
Campeonato Mineiro 2021 - Final - Volta
Data: 22/05/2021 - 16h30
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Felipe Fernandes de Lima
Cartão amarelo: Tchê Tchê, Hulk, Guilherme Arana, Guga, Matheus Mendes, Leandro Carvalho, Anderson e Sabino
Cartão vermelho: Sabino

ATLÉTICO: Éverson (6); Guga (6), Igor Rabello (7), Junior Alonso (6,5) e Guilherme Arana (5,5); Jair (5,5) (Zaracho, 6), Tchê Tchê (5,5) e Nacho Fernández (6,5) (Hyoran, sem nota); Savarino (6) (Eduardo Vargas, 5,5), Keno (5) (Marrony, 5,5) e Hulk (5) (Eduardo Sasha, sem nota). Técnico: Cuca (6).

AMÉRICA: Matheus Cavichioli (7); Diego Ferreira (6), Anderson (6,5), Eduardo Bauermann (7) e Marlon (5,5) (Geovane, 5,5); Zé Ricardo (6), Juninho (5,5) (Ramon, 5,5) e Alê (5); Ademir (5) (Bruno Nazário, 5,5), Felipe Azevedo (6) (Leandro Carvalho, 5) e Rodolfo (4,5) (Ribamar, 5). Técnico: Lisca (5,5).

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