3 A 1 FOI POUCO, OU NÃO

    Acho que essa foi uma das primeiras vezes da minha vida em que acordei de madrugada para ver um jogo de futebol, mas valeu a pena, menos pela qualidade do jogo do que pela atmosfera de Olimpíadas. E sexta-feira tem de novo.

    Brasil e Arábia Saudita entraram em campo no Saitama Stadium com objetivos bem diferentes. Enquanto para os sauditas pouco importava o resultado, pois o time já estava eliminado, para os brasileiros valia uma vitória para se manter na liderança do grupo, enquanto Costa do Marfim e Alemanha jogavam em outro lugar pela classificação. E sem entrar no mérito de avançar de fase ou confrontos para o mata-mata, o Brasil necessitava de jogar melhor e tirar a má impressão do empate com os marfinenses, na madrugada de domingo. E, pelo menos parcialmente, o time de André Jardine conseguiu atingir esse objetivo.

    O primeiro tempo foi razoável. Adotando a postura de marcar a partir do meio-campo e esperar um pouco os árabes, o Brasil equilibrava o domínio da posse de bola com os adversários, mas era perigoso quando conseguia roubar a bola. Assim, fez o gol no primeiro terço do jogo, aos 14 minutos, com Matheus Cunha de cabeça após cobrança de escanteio. Era a ocasião perfeita para jogar de forma tranquila e empilhar gols, mas o time de forma alguma foi brilhante para conseguir isso. Com Antony engessado na direita e Claudinho na esquerda, o Brasil errava bons passes no campo de ataque, parando na linha de 5 dos sauditas. Apesar disso, algumas boas chances apareceram, como a cabeçada de Antony no travessão e a grande defesa do goleiro Amin em chute cara a cara do ex-atacante são-paulino. O jogo já era para 2, 3 a 0, mas a vitória magra insistia em permanecer no placar.

    E a vitória se tornou empate aos 27 minutos, quando Al-Amri completou de cabeça uma cobrança de falta da direita. Assim como no jogo contra a Alemanha, o Brasil voltava a sofrer na bola aérea defensiva, e sempre com Diego Carlos no lance. O zagueiro do Sevilla precisa trabalhar esse tipo de jogada, pois lances assim definem partidas, ainda mais aqueles jogos difíceis de mata-mata como os que estão por vir.

    Para o segundo tempo, André Jardine voltou com Malcom no lugar de Antony, e o ex-jogador corinthiano alternou bons e maus momentos. Apesar de ter entrado um pouco perdido pela direita, o atacante se recuperou no jogo e começou a aparecer bem, se movimentando mais que o titular. No entanto, o Brasil insistia em perder gols, como numa bola na trave sem goleiro de Matheus Cunha, só ele e o gol. É necessário treinar finalizações.

    Quem jogou muito bem no segundo tempo foi Bruno Guimarães, ditando o ritmo do jogo com seus passes, bolas enfiadas e viradas de bola. Foi dele o passe de cabeça para Richarlison, o camisa 10, fazer o 2 a 1 aos 31 minutos, depois de uma cobrança de falta na área. Já no fim do jogo, o Pombo apareceu novamente, só escorando um cruzamento rasteiro de Reinier para dar números finais à partida. 3 a 1 e boa vitória para avançar de fase.

    O Brasil não deu chance à Arábia Saudita, foi pouquíssimo ameaçado e só sofreu o gol em uma fortuita bola aérea, mas precisa ser mais efetivo no que se refere a converter as chances de gols. Só hoje foram 22 finalizações, mas 8 foram no rumo certo, número que pode melhorar. Além disso, por uma certa dificuldade para transpor a linha de 5 dos árabes no primeiro tempo e início do segundo, tenho dúvidas sobre a manutenção do esquema para o duelo contra o Egito. Será que manter Claudinho aberto pela esquerda é a melhor saída? Hoje ele não foi tão bem, se movimentou pouco, mas é sempre uma alternativa interessante de jogo. Talvez colocá-lo pelo meio, em uma posição mais livre no campo, seja o ideal. Isso é um aspecto em que Jardine precisa se deter, para que as possibilidades de medalha aumentem. Sábado é dia.

Em tempo:

_ O time da Arábia Saudita não é bobo não. Apesar das limitações, tocam bem a bola e não têm medo de arriscar uma saída de bola de qualidade. A dificuldade que eles deram para Costa do Marfim e Alemanha nos outros jogos comprova isso.


ARÁBIA SAUDITA 1x3 BRASIL
Jogos Olímpicos de Tóquio - Futebol masculino - 3ª rodada - Grupo D
Data: 28/07/2021 - 5h
Local: Saitama Stadium 2002, Saitama (JAP)
Árbitro: Bamlak Tessema (ETI)
Gols: Al-Amri aos 27'; Matheus Cunha aos 14' e Richarlison aos 76' e 90+3'
Cartão amarelo: Al-Shahrani, Ali Mukhtar, Aldawsari, Bokhari, Guilherme Arana, Gabriel Martinelli e Daniel Alves

ARÁBIA SAUDITA (5-4-1): Ameen; Abdulhamid, Aldawsari (Al-Ghannam), Al-Amri, Al-Hindi, Al-Shahrani; Al-Hassan (Ali Mukhtar), Al-Faraj (C) (Al Omran), Al-Najei (Ghareeb) e Al-Dawsari; Al-Hamddan (Al-Ammar). Técnico: Ali Al-Shehri.

BRASIL (4-4-2): Santos; Daniel Alves (C), Nino, Diego Carlos e Guilherme Arana (Abner); Bruno Guimarães (Gabriel Menino), Matheus Henrique, Antony (Malcom) e Claudinho (Reinier); Richarlison e Matheus Cunha (Gabriel Martinelli). Técnico: André Jardine.

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