UM SÃO PAULO SOBERANO

    O São Paulo viveu uma noite quase perfeita ontem, em Buenos Aires. Contra um limitado time do Racing, carente de grandes referências técnicas, o Tricolor foi amplamente superior, avançando com tranquilidade para as quartas de final da Libertadores. A atuação de ontem pode ser o divisor de águas que Hernán Crespo precisava para resgatar o bom futebol do São Paulo da conquista do Paulistão.

    As escolhas do treinador argentino se mostraram felizes desde a escalação. Com um onze inicial bem superior ao da semana passada, no jogo da ida, o São Paulo veio com apenas um volante, Liziero, e um meio e ataque bem leves e criativos, com Gabriel sara, Benítez, Rigoni e Marquinhos. Era indício de um time forte para roubar a bola e contra-atacar com velocidade, deixando a bola para a esquadra de Avellaneda. Com Miranda na zaga, o Tricolor também tinha uma forte referência para se defender com qualidade.

    O primeiro tempo do São Paulo foi muito bom. Contra um Racing que não conseguia finalizar com qualidade, o time de Crespo marcava bem e recuperava a bola ainda no campo de ataque, acionando o rapidíssimo Marquinhos. Foi assim que o time brasileiro deve duas ótimas chances, com Sara aos 9 e Marquinhos aos 21, mas a bola não entrava. Já o Racing se esforçava muito, tocava bem a bola principalmente com Piatti, que aparecia como boa opção de armação, mas faltava um jogador verdadeiramente agudo para desarrumar o bom sistema defensivo adversário.

    O primeiro gol até demorou a sair, mas aconteceu ainda no primeiro tempo: eram 44 minutos quando Miranda fez um belo desarme na defesa e lançou Marquinhos, que cara a cara com o goleiro Arias, bateu bem, mas o arqueiro desviou. No rebote, Rigoni só chutou para o gol vazio e abriu o placar, invertendo a vantagem do Racing e deixando o Tricolor paulista mais tranquilo no jogo.

    Se o primeiro tempo acabou bem para o São Paulo, o segundo foi ainda melhor: foi avassalador. Logo aos 4 minutos, Sigali errou um passe na defesa e a bola caiu nos pés de Benítez, que rapidamente serviu Marquinhos. Veloz, o atacante da camisa 47 passou pela marcação dos zagueiros e bateu na saída de Arias. O 2 a 0 estava no placar em pouquíssimo tempo, e agora o Racing precisaria de virar. Por isso, Pizzi tirou o meia Moreno para a entrada do atacante Correa.

    A mexida abriu o time do Racing, deixando-o ainda mais exposto. Foi aproveitando esse espaço que Gabriel Sara e Rigoni tabelaram bem no meio-campo e passaram à Marquinhos, que novamente serviu para Rigoni marcar o terceiro gol: faltava mais de meia-hora para o apito final e a vantagem já era de três gols. Assim, o Tricolor pôde se defender mais e segurar a vitória. Nem mesmo o gol de Correa aos 18 minutos, descontando para o Racing, ameaçou muito, e o São Paulo pôde avançar sem sofrimentos para a próxima fase.

    Com três vitórias nos últimos cinco jogos, a impressão é de que o pior já passou para o São Paulo, e de que o time pode voltar aos trilhos, ainda mais com atuações como a de ontem. Com dois de seus três pilares em campo, Miranda e Benítez, o Tricolor é muito forte, e pode dar trabalho a qualquer time. Só espero que a reação não venha domingo, quando enfrenta meu Flamengo pelo Brasileirão.

Em tempo:

_ Às vezes, é bom os treinadores apresentarem ideias diferentes de escalação, principalmente quando as opções imediatas não estavam com um bom desempenho. Se Pablo e Vitor Bueno eram mais do mesmo no ataque do São Paulo, pelo menos a colocação de Marquinhos dá uma nova configuração para o setor ofensivo são-paulino.


RACING 1x3 SÃO PAULO (2 a 4 no agregado)
Copa Libertadores da América 2021 - Oitavas de final - Volta
Data: 20/07/2021 - 21h30
Local: El Cilindro, Avellaneda (ARG)
Árbitro: Gustavo Tejera (URU)
Gols: Rigoni 44' 57', Marquinhos 48' e Javier Correa 63'
Cartão amarelo: Leonel Miranda, Léo e Juan Antonio Pizzi

RACING (3-1-4-2): Arias (C) (5,5); Mauricio Martínez (4), Sigali (4,5) e Nery Domínguez (5); Aníbal Moreno (5,5) (Javier Correa, 6); Juan Cáceres (5) (Fabrício Domínguez, 5), Leonel Miranda (4,5) (Lovera, sem nota), Ignacio Piatti (5,5) (Matías Rojas, 5,5) e Mena (5); Chancalay (5) e Copetti (4,5). Técnico: Juan Antonio Pizzi (4,5).

SÃO PAULO (3-1-4-2): Tiago Volpi (5,5); Arboleda (7), Miranda (C) (7,5) e Léo (6); Liziero (6,5) (Rodrigo Nestor, 6); Igor Vinícius (5,5), Gabriel Sara (6), Benítez (7) (Luan, 6) e Wellington (6); Rigoni (7,5) e Marquinhos (8) (Reinaldo, 6). Técnico: Hernan Crespo (7,5).

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