UM BOM PASSO RUMO À MONTEVIDÉU

Bruno Henrique, o herói da noite. (Getty Images).


    Hoje fiz um exercício interessante aqui no Retrancados. Sentado em minha cadeira, li, nas pausas entre as seções de estudo, meus posts antigos sobre a situação do Flamengo nesta temporada. Comecei em abril, com o início da Libertadores contra o Vélez lá na Argentina, e vim parar no mês passado, quando eliminamos o Olimpia. Relembrei os tempos de Rogério Ceni, as dificuldades, a chegada de Renato Gaúcho, as vitórias, as classificações. E fiz isso tentando encontrar algum paralelo entre aquela época e o jogo de ontem, que aliás vencemos por 2 a 0. E olha, encontrei até muitos.

    Desde a era Rogério Ceni, fala-se que o Flamengo não tem um bom jogo tático, mas que sobressai-se nas suas individualidades, o que já coloca a pulga atrás da orelha de boa parte da torcida, principalmente aqueles mal-acostumados com o poderoso Flamengo de 2019, campeão com Jorge Jesus. Mas ora, mesmo naquela época, o time enfrentava dificuldades, via o adversário chegar com perigo ao seu gol, sofria. Então, por que o medo quando o mesmo acontece ontem, agora treinado por um brasileiro? Não sei exatamente a razão, mas insisto que o torcedor está mal-acostumado.

    O torcedor exagera muito as coisas. Ontem vencemos por 2 a 0 e mesmo assim ninguém está satisfeito, o clima é quase igual ao de uma derrota. Claro que há razões para se preocupar, já que não tomamos gol somente pela perícia de Diego Alves, mas não vejo como positivo um torcedor que deixa a preocupação suplantar a sua satisfação. Eu mesmo estou preocupado com os erros do time, sei que Renato é um técnico limitado, mas ainda assim estou feliz pela boa vitória de ontem à noite. Claro que poderia ser melhor, mas antes vencer e não convencer tanto assim do que jogar muito bem e perder. Tá, com essa frase vai parecer que prezo muito pelos resultados, mas talvez seja isso mesmo. É semifinal de Libertadores, é jogo em que o mais importante é vencer, mesmo que sofrendo.

    Dito isso, vamos aos fatos. O Flamengo conseguiu uma importante vitória para se aproximar do tão sonhado tri da Libertadores, um 2 a 0 muito bom para a sequência do campeonato. No início do jogo, o Barcelona teve boas oportunidades, mas Diego Alves, meu ídolo pessoal, operou milagres, evitando qualquer chance dos equatorianos saírem na frente, o que já seria uma tragédia em pleno Maracanã. Entretanto, depois dos sustos o rubro-negro se recuperou no jogo, abrindo o placar com Bruno Henrique, de cabeça, aos 21 minutos. Foi aquele gol perfeito para dar um pouco mais de tranquilidade ao time, mesmo que o Barcelona quase tenha empatado pouco depois.

    Ainda no primeiro tempo, Bruno Henrique fez mais um, agora aproveitando um passe de Vitinho para ampliar. A torcida, fora ou dentro do Maracanã, já ansiava por uma goleada, ainda mais depois da expulsão do volante Nixon Molina nos acréscimos. Assim, a perspectiva era boa para a segunda etapa, já que com um a mais a chance de se classificar ainda dentro de casa era grande. Porém, não foi o que se viu, e o Flamengo não apertou tanto o Barcelona quanto a torcida esperava. Foram algumas poucas chances desperdiçadas, mas o time não foi capaz de aumentar a vantagem. No fim, Léo Pereira ainda fez o favor de ser expulso, confirmando que o placar ficaria mesmo naqueles 2 a 0.

    Marcar mais um gol seria de extrema importância para o jogo em Guayaquil, pois o Flamengo teria uma vantagem melhor para administrar longe de seus domínios, com menos riscos de sofrer aquele típico apavoro se o Barcelona marcar um gol logo de cara. No entanto, há também um lado positivo nisso, embora eu desconfie dele: com uma vantagem de apenas 2 a 0, a probabilidade de o time entrar em campo desconcentrado é menor, pois há uma distância menos tranquila a se segurar. E, além disso, o Barcelona terá que sair para o jogo, e os nossos contra-ataques serão fundamentais para conseguir a classificação. Mas isso fica para a semana que vem, quando minha satisfação diminuir. Na próxima quarta, tensão será o sentimento da noite.

Em tempo:

_ Agora falando de uma perspectiva mais pessoal, sou um torcedor um pouco pessimista, que não suporta sofrer gols, ainda mais após a era Rogério Ceni, período que não me deu paz alguma nesse sentido. Por isso, ver que o time venceu ontem sem sofrer um gol sequer é motivo de felicidade, apesar da preocupação pelo placar menos dilatado.

_ Boa estreia de David Luiz, que fez um jogo seguro e ainda evitou um gol do Barcelona em rebote dentro da área. Agora é ganhar ainda mais ritmo de jogo e melhor entrosamento com Rodrigo Caio, para que não vejamos Léo Pereira em campo tão cedo.


FLAMENGO 2x0 BARCELONA/EQU
Copa Libertadores da América 2021 - Semifinal - Ida
Data: 22/09/2021 - 21h30
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Público: 22.193 torcedores
Árbitro: Andrés Cinha (URU)
Gols: Bruno Henrique aos 21' e 38' do 1º
Cartão amarelo: Rodrigo Caio, Molina e Castillo
Cartão vermelho: Molina aos 47' do 1º; Léo Pereira aos 44' do 2º

FLAMENGO: Diego Alves; Isla (Matheuzinho), Rodrigo Caio, David Luiz (Léo Pereira) e Renê; Willian Arão, Andreas Pereira (Pedro), Éverton Ribeiro (C), Bruno Henrique (Michael) e Vitinho (Thiago Maia); Gabriel. Técnico: Renato Gaúcho.

BARCELONA: Burrai; Castillo, León, Riveros e Pineida; Piñatares (López), Molina, Emmanuel Martínez (Montaño), Preciado (Perlaza) e Damián Díaz (Carcelén); Mastriani (Garcés). Técnico: Fabian Bustos.

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