TERCEIRONA DO CENTRO-SUL

    Na escola, aprendemos que o mapa do Brasil pode ter várias divisões, desde a mais comumente usada, que reparte o Estado brasileiro em regiões políticas, até outras menos conhecidas, como a divisão em Regiões Geoeconômicas. Criada pelo geógrafo brasileiro Pedro Pinchas Geiger na década de 60, tal divisão leva em conta principalmente os aspectos naturais e socioeconômicos da regiões. Assim, o Brasil pode ser divido em três grandes complexos regionais: a Região Amazônica, a Região Centro-Sul e a Região Nordeste. Essa repartição está representada no mapa a seguir:



    A Regional Centro-Sul é a que se caracteriza pelo maior número de habitantes, pelos mais altos níveis de desenvolvimento econômico e industrial e é onde se concentra a maior parte do capital e da produção, distribuição e circulação de mercadorias. Esta região compreende os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, grande parte de Minas Gerais, o centro-sul do Mato Grosso do Sul e o sul do Tocantins.

    E é nessa região que se localizam os quatro clubes que subiram para a Série B do ano que vem. Depois dos acessos de Tombense e Ituano conquistados na semana passada, no último fim de semana foi a vez de conhecer os dois últimos clubes que superaram a terceira divisão desse ano. O primeiro deles foi o Criciúma, que venceu o Paysandu em Belém por 1 a 0 e ficou em segundo do grupo 1, voltando à segundona dois anos depois. Já no domingo, o Novorizontino garantiu o acesso ao bater o Manaus em duelo direto por 2 a 0, alcançando os 9 pontos e ficando com a vaga. Mesmo com pouquíssimos anos de fundação, o time de Novo Horizonte conseguiu uma ascensão meteórica, e será um dos estreantes da Série B do ano que vem.

    Mesmo com o acesso de dois clubes estreantes, um bem tradicional (Criciúma) e outro que retorna depois de um tempo (Ituano), muita gente torceu o nariz para os clubes foram promovidos. Segundo essas pessoas, das quais concordo com a visão, embora tenha gostado da diversidade de clubes, ver times sem tanta força local chegando em um degrau tão alto como é a Série B é um fato a se lamentar. Um exemplo é o próprio Tombense, time de empresários aqui do interior mineiro cuja sede fica em uma cidade pequena, com apenas 8 mil habitantes. Seria melhor um Paysandu, um Santa Cruz, um ABC ou até um Botafogo da Paraíba subindo, visto que são clubes de massa, que movimentam alguma torcida.

    Outro ponto a se notar é que os quatro clubes que subiram fazem parte das regiões sul e sudeste do Brasil, ou, para se usar a abordagem geoeconômica, a região Centro-Sul. São dois paulistas, um mineiro e um catarinense, com nenhuma equipe do centro-oeste, do nordeste e do norte. É outro ponto negativo, pois o futebol de elite fica cada vez mais concentrado nas zonas mais ricas do Brasil, espalhando-se pouco por todo o território nacional. Fica a pergunta para reflexão: há quanto tempo não vemos uma Série A do Brasileirão com representantes das cinco regiões ao mesmo tempo? Isso não acontece desde o Paysandu em 2005, ou seja, há 16 anos.

    No ano passado, a diversidade regional dos clubes foi até maior, já que Remo, Vila Nova, Brusque e Londrina passaram, mas raramente os times do norte do Brasil conseguem ir bem. No máximo o Paysandu, que alternou entre momentos na Série C e Série B na última década, e o próprio Remo. Mesmo assim, é muito pouco.

    Reflexões à parte, espero muito que todas as equipes que subiram consigam exercer um bom trabalho na temporada que vem e, na medida do possível, permanecerem na segunda divisão para, quem sabe, conseguirem o sonho de ir para a Série A nos próximos anos. Tudo começa em 2022, e um estádio cheio com certeza é um adicional para deixar tais equipes mais perto de seus objetivos, ainda mais pelo cenário que se apresenta para a segundona do ano que vem, com Cruzeiro, Vasco e talvez o Grêmio na Segunda Divisão. Ficam aqui nossos parabéns para Tombense, Ituano, Novorizontino e Criciúma pelo trabalho feito, especialmente para os dois primeiros, que farão a finalíssima da Terceira Divisão nos próximos dois finais de semana.

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