UM FLAMENGO CADA VEZ MAIS COMUM

    Na tarde desse domingo, enquanto assistia ao jogo na casa de minha noiva, meu sogro me disse uma grande verdade: como o Flamengo tem se tornado um time cada vez mais comum. Fazendo valer esse adjetivo, ontem o time rubro-negro enfrentou o Galo no Mineirão e, jogando mal por quase todo o tempo, acabou derrotado por 2 a 0, freando uma possível reação em busca de uma subida na tabela. Com 15 pontos conquistados e uma modestíssima 14º posição, o Flamengo versão 2022 é uma grande decepção.

    Sem Bruno Henrique lesionado, Dorival Júnior apostou em uma formação inicial com Vitinho entre os titulares, mas essa opção não se mostrou correta desde o início, quando o camisa 11 não jogou bem aberto pela ponta-esquerda, quando é sabido que ele rende mais jogando centralizado. Quem poderia ter começado por ali é Lázaro, jogador de boa qualidade e com potencial para crescer, mas que parece sem espaço. Enquanto isso, no Atlético, pressionado por resultados, o técnico Turco Mohamed escalou o time com uma trinca formada por Vargas, Nacho e Keno atrás do centroavante Hulk, no que parecia a formação ideal.

    Os primeiros 15 minutos foram interessantes, de bom equilíbrio entre as equipes, mas com o Flamengo chegando mais perto do gol em duas finalizações de Andreas Pereira, uma em cobrança de falta desviada e outra após cobrança de escanteio. No entanto, depois disso o Atlético tomou o controle da partida e, encaixando a marcação contra o pouco inspirado ataque do Flamengo, dominou o jogo e determinou o ritmo. Foi através desse domínio territorial, do volume e da capacidade de levar perigo pelos lados que o Galo abriu o placar aos 35, com Nacho: em cruzamento da esquerda, Arana achou Keno livre na área, entre a má marcação de Matheuzinho e Rodrigo Caio, e o ponta desviou de cabeça para uma boa defesa de Diego Alves, mas o camisa 26 argentino pegou o rebote e fez o 1 a 0. Assim como na Supercopa, o Atlético saía na frente com um tento de Nacho.

    Pensando que observara o que aconteceu no primeiro tempo, Dorival Júnior fez duas mexidas questionáveis no intervalo: acertou em tirar o perdido Vitinho de campo, mas colocou o instável Marinho aberto pela direita, passando Éverton Ribeiro para a esquerda. A segunda mexida foi ainda pior, já que o questionado Willian Arão entrou na vaga do jogador mais lúcido do time ao lado de João Gomes: Andreas Pereira. Essas substituições mataram a força do Flamengo no segundo tempo e, com os jogadores do meio pra frente em um dia de nenhuma inspiração, o ataque sumiu de vez. Marinho era só loucura pela ponta-direita, mas nenhuma jogada dava certo, Éverton Ribeiro estava sumido pela esquerda enquanto Arrascaeta até tentava algo pelo meio, mas nada saía. Por fim, Gabigol pensava mais em se jogar no campo do que em aparecer para o jogo.

    Quanto ao Galo, o time alvinegro de forma alguma jogava muito bem, mas era competente em anular os ataques rubro-negros e sair com a bola dominada, embora também não conseguisse criar jogadas de perigo. Pensando nisso, "El Turco" trocou seus pontas, colocando sangue novo em campo para aproveitar quando o Flamengo viesse pra cima, mas isso não aconteceu, pois o time rubro-negro continuou jogando com o "freio de mão puxado". Nem quando teve a chance de acertar, como quando colocou Pedro e Lázaro em campo, Dorival o fez, pois tirou jogadores da mesma posição - Éverton Ribeiro e Gabigol - para a entrada deles, mantendo o time com a mesma formatação e a mesma mediocridade. A coisa ainda piorou aos 40 minutos, quando Hulk teve um dos seus primeiros lances com espaço no jogo e deu um passe para Ademir completar para o gol. 2 a 0 e vitória garantida.

    Em suma, foi uma partida que não cumpriu as expectativas, embora eu já esperasse esse resultado. Vi um Atlético melhor em 85% do tempo, mesmo sem conseguir jogar tão bem e sem criar tanto, mas sendo efetivo e marcando muito bem o adversário. Quanto ao Flamengo, o time foi comum e medíocre mais uma vez, jogando mal, criando pouquíssimo e contando com um dia ruim de quase todos, do goleiro ao treinador. Com um ritmo tão lento, pouquíssima entrega, raros momentos de técnica e sem nenhuma previsão de melhora, a crise continua no rubro-negro carioca.

Em tempo:

_ De atuações individuais, apenas João Gomes, Andreas Pereira, Rodrigo Caio e, em certa medida, Pablo, se salvam no jogo de ontem. Mesmo com pouco tempo em campo, Lázaro é outro que merece elogios.


ATLÉTICO/MG 2x0 FLAMENGO
Campeonato Brasileiro 2022 - 13ª rodada
Data: 19/06/2022 - 16h
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Gols: Nacho 35' e Ademir 85'
Cartão amarelo: Nacho Fernández, Mariano, Vargas, Ademir e Marinho

ATLÉTICO/MG: Éverson (6,5); Mariano (7,5), Nathan Silva (7,5), Junior Alonso (7) e Guilherme Arana (6,5); Allan (6,5), Jair (6) (Otávio, 6,5), Eduardo Vargas (5,5) (Ademir, 7), Keno (6) (Rubens 6) e Nacho Fernández (7) (Réver, sem nota); Hulk (C) (5,5) (Eduardo Sasha, sem nota). Técnico: Antonio Mohamed (6).

FLAMENGO: Diego Alves (5,5); Matheuzinho (4,5), Rodrigo Caio (5,5), Pablo (5,5) e Ayrton Lucas (5); João Gomes (6) (Diego, sem nota), Andreas Pereira (6,5) (Willian Arão, 4), Éverton Ribeiro (C) (4,5) (Lázaro, sem nota), Vitinho (4) (Marinho, 5) e Arrascaeta (5); Gabigol (4) (Pedro, sem nota). Técnico: Dorival Júnior (3).

O CRAQUE DO JOGO: Nathan Silva (Atlético) - em uma partida em que os ataques não foram lá aquelas coisas e as defesas trabalharam bem, um zagueiro do time vencedor aparece por aqui. Mariano, também do Galo, é um que merece menção honrosa.

O PEREBA DO JOGO: Vitinho (Flamengo) - jogou aberto pela ponta-esquerda, onde 99% dos torcedores sabem que ele não rende, e atuou mal, sem ritmo e com pouca intensidade. No entanto, só está presente aqui porque não dá para votar em Dorival Júnior como o pior do jogo, pois o treinador rubro-negro errou em quase todas as mexidas do time.

NOTA DA ARBITRAGEM para Raphael Claus (SP): não comprometeu o resultado da partida, o VAR não foi utilizado, tomou as decisões corretas em campo e aplicou o cartão amarelo quando foi necessário. Com mais uma boa arbitragem, o paulista Raphael Claus merece uma nota 9 nessa partida.

O QUE VEM POR AÍ: para prolongar o sofrimento, os dois times continuam em BH, pois há confronto entre eles na quarta, agora pela Copa do Brasil.

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