32 HISTÓRIAS DAS COPAS: EQUADOR

COLORIDOS E MASCARADOS

    Na Copa do Mundo de 2006, a Seleção Equatoriana fez sua melhor campanha em três participações no torneio. Sorteada no mesmo grupo da anfitriã Alemanha, a equipe sul-americana não deu chances para a Costa Rica, zebra do grupo, e para a Polônia, insossa equipe europeia, e pela primeira vez avançou para o mata-mata do torneio. Pena que havia um meia-atacante especialista em cobranças de faltas para interromper o sonho dos tricolores com um belo arremate aos 15 do segundo tempo. Esse jogador responde pelo nome de David Beckham.

    Depois do insucesso na Copa de 2002, quando acabou eliminado na fase de grupos em uma chave com Itália, México e Croácia, tendo conquistado apenas uma vitória, o Equador fez um Mundial bem mais consistente quatro anos depois, batendo a Polônia na estreia por 2 a 0 e aplicando um sonoro 3 a 0 na Costa Rica pela rodada seguinte. No entanto, o choque de realidade veio depois, com uma forte derrota para os anfitriões por 3 a 0, e com a queda para o English Team com o já referido gol de falta. Aquela foi a primeira e última vez que a Seleção Equatoriana havia chegado ao mata-mata da Copa do Mundo, e a população local vive a expectativa de igualar esse feito na edição deste ano do torneio.

    Afora os aspectos puramente técnicos daquele que era um bom time, com zagueiros firmes atrás, casos de Espinoza e Hurtado, um meia veloz como Antonio Valencia e dois atacantes bem entrosados como Delgado e Carlos Tenório, o Equador se destacou também com dois jogadores que, digamos, fugiram do padrão não em relação ao seu futebol, mas sim aos seus "detalhes físicos."

    O primeiro deles é Cristhian Mora, goleiro da seleção na Copa. Com calças cumpridas à la Zetti e um porte esguio, que dava a impressão de ser mais alto do que os seus 1,86 demonstravam, o arqueiro chamou a atenção por jogar todos os quatro jogos da Tri na Copa com a bandeira equatoriana pintada em cada lado de sua face. Com esse adorno interessante, o camisa 12 fez uma boa Copa e ainda é lembrado por isso. Perguntado sobre a pintura, o jogador apenas alegou se tratar de uma demonstração de patriotismo muito grande.

Cristian Mora e seu gesto patriótico.

    Já a segunda história também tem a ver com a face, mas de uma forma gentil, singular e bonita. Convocado como o camisa 10 da Seleção, o meia-atacante Iván Kaviedes era cotado como reserva imediato da dupla de frente, entrando sempre no segundo tempo dos jogos. Foi dessa maneira, inclusive, que ele marcou o segundo gol da vitória sobre a Polônia na estreia por 2 a 0. Mas o que chamou mais a atenção no jogador foi a partida seguinte, contra a Costa Rica. Novamente saído do banco, o jogador marcou o terceiro gol de sua equipe nos acréscimos, tento que classificou a equipe para as oitavas de final. Aproveitando o ensejo, no melhor estilo Paulo Nunes e outros jogadores da década de 90, o camisa 10 prontamente sacou uma máscara amarela do bolso e colocou sobre a cabeça para comemorar, lembrando uma espécie de Homem-Aranha sul-americano. Ao contrário do que se pode pensar, a ideia não passou de uma homenagem: com o gesto, Kaviedes homenageou o seu companheiro de seleção Otilino Tenorio, de 25 anos, falecido um ano antes por conta de um acidente de carro no seu país, e que comemorava seus gols assim. Não fosse a tragédia, certamente o atacante estaria presente na Alemanha, mas seu gesto típico foi repetido e será lembrado por muito tempo. Coisas da Copa!

A homenagem de Kaviedes.


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