MAIS UM GRANDE SHOW DO RUBRO-NEGRO

    O jogo era bem difícil, ainda mais por ser fora de casa, dentro da Neoquimica Arena, terreno em que certamente o Corinthians armaria muitas dificuldades. No entanto, com uma vitória tranquila por 2 a 0 e uma atuação inspiradíssima e consistente durante mais de 75 minutos, o Flamengo saiu da capital paulista com uma excelente vantagem na bagagem para o jogo da volta. Apesar disso, o resultado ainda deixa as coisas em aberto no Maracanã.

    As duas equipes entraram em campo com estratégias bem diferentes, como se vê pelas próprias escalações iniciais. Enquanto o Flamengo vinha com força máxima e o em ascensão esquema com Gabigol e Pedro atuando juntos, mais um meio de campo criativo com Arrascaeta e Éverton Ribeiro atuando juntos, o time carioca pensava em dominar a posse de bola e encurralar o Corinthians. Por sua vez, o Timão, com muitos desfalques, principalmente ofensivos, veio escalado de forma mais defensiva, com três volantes, e jogadores rápidos na frente, casos de Adson e Gustavo Silva, além de Yuri Alberto na frente. A escolha por Lucas Piton na lateral-esquerda na vaga de Fábio Santos era um dos indícios dessa iniciativa da equipe paulista.

    O Corinthians começou tentando pressionar a saída de bola rubro-negra, e quase teve sucesso logo de cara, quando Gustavo Silva exigiu uma defesa de Santos depois de bola roubada na defesa do Flamengo. No entanto, depois de aproximadamente 15 minutos jogando um pouco melhor, o Corinthians caiu o nível e teve o seu meio-de-campo suplantado pelo do Flamengo, que passou a dominar a posse de bola e povoar o campo de ataque através de sua movimentação. Sendo cada vez mais superior, o time carioca foi chegando, tentando criar, até que conseguiu seu gol em uma jogada confusa pelo lado esquerdo da área, em que a bola sobrou para Arrascaeta depois de bater no braço de João Gomes. Sem pensar duas vezes, o camisa 14 bateu bonito, chapado, no ângulo de Cássio, abrindo o marcador com merecimento.

    Depois do intervalo, o técnico Vitor Pereira tentou melhorar o ritmo de seu Corinthians com duas trocas, colocando Giuliano e Roger Guedes nos lugares de Cantillo e Adson, tornando assim o time mais ofensivo. No entanto, Giuliano entrou mal e não fez um bom segundo tempo, caso contrário ao de Guedes, que foi o jogador mais lúcido entre os corintianos na etapa final. Apesar da presença dele, o Corinthians começou o segundo tempo de forma ainda pior, pois, logo aos 6 minutos, o Flamengo fez o segundo, dessa vez com Gabigol. Aproveitando uma boa jogada de Rodinei pela direita e de uma má marcação do Corinthians na entrada da área, o camisa 9 dominou a bola e bateu de esquerda, bonito, no cantinho de Cássio. 2 a 0 e ainda mais tranquilidade no placar.

    Após o segundo gol, o Corinthians teve que sair um pouco mais, conseguindo alguma coisa sempre através de Roger Guedes, mas faltou caprichar na finalização de forma a levar mais perigo para o gol de Santos. Enquanto isso, olhando para o banco, Vitor Pereira teve que ser criativo na hora de mexer, tendo que colocar o garoto Giovane e o volante Roni para tentar mudar as coisas. Convenhamos, esse não é o banco esperado para um jogo tão importante como esse, e realmente os desfalques para o Timão pesaram. Enquanto isso, no outro lado, o Flamengo demorou a mexer, e quando o fez, peças como Vidal e Éverton Cebolinha entraram. É muita disparidade.

    Quando faltavam aproximadamente 20 minutos para o fim do jogo, a tentativa de atacar do Corinthians foi caindo, se esvaindo, e o time ficou realmente entregue em campo, falho na marcação e ainda mais no ataque, sem conseguir tomar a bola do Flamengo. Nesse momento do jogo, era evidente a diferença técnica e física entre as equipes em campo. Esse panorama seguiu até os minutos finais, e o Corinthians teve sorte de não ter sofrido mais gols. Uma derrota por 3 a 0 em casa seria quase irreversível no Maracanã.

    Agora, semana que vem teremos uma definição no jogo da volta no Maracanã. O Flamengo jogou muito melhor no primeiro jogo, tranquilo, senhor de si, sabedor do que fazer em campo, focado na busca do resultado e em jogar bem, enquanto o Corinthians mostrou muitos problemas e falta de peças ofensivas. Será preciso recuperar muita gente, inclusive o próprio futebol coletivo da equipe, para buscar uma reviravolta no Rio de Janeiro na próxima semana.

Em tempo:

_ Quase todo mundo no Flamengo jogou bem, exceto Pedro, que não conseguiu seu gol e acertar as poucas chances que teve. Entretanto, seu papel foi importantíssimo nos pivôs e bolas aéreas.

CORINTHIANS 0x2 FLAMENGO

Copa Libertadores da América 2022 - Quartas de final - Ida

Data: 02/08/2022 - 21h30

Local: Neoquimica Arena, São Paulo (SP)

Árbitro: Patricio Loustau (ARG)

Gols: Arrascaeta 37' e Gabigol 51'

Cartão amarelo: Cantillo, Thiago Maia e Rodinei

CORINTHIANS: Cássio (C) (6,5); Fagner (6), Bruno Méndez (5,5), Balbuena (5) e Lucas Piton (4); Cantillo (5) (Giuliano, 4,5), Du Queiroz (5,5) (Roni, sem nota) e Maycon (5,5) (Fausto Vera, 4,5); Adson (5) (Roger Guedes, 6,5), Gustavo Silva (5,5) (Giovane, 5,5) e Yuri Alberto (5). Técnico: Vitor Pereira (5).

FLAMENGO: Santos (6); Rodinei (7), David Luiz (7), Léo Pereira (6,5) e Filipe Luís (6,5); Thiago Maia (6,5), João Gomes (6) (Vidal, 6,5) e Éverton Ribeiro (C) (7,5); Arrascaeta (7,5) (Victor Hugo, sem nota); Gabigol (7) (Lázaro, sem nota) e Pedro (5,5) (Éverton Cebolinha, sem nota). Técnico: Dorival Júnior (7).

O CRAQUE DO JOGO: Éverton Ribeiro (Flamengo) - com uma grande atuação, principalmente no segundo tempo, Éverton Ribeiro foi mais uma vez maestro, atuando na criação de jogadas, em boas combinações com Rodinei pelo lado direito e acalmando o jogo com suas fintas. O camisa 7 foi o principal protagonista do jogo juntamente com Arrascaeta.

O PIOR EM CAMPO: Lucas Piton (Corinthians) - ele foi escalado pela sua habilidade ofensiva, mas não conseguiu ser importante nesse aspecto e ainda sofreu muito defensivamente, principalmente por Rodinei. Giuliano e Fausto Vera são outros que não foram bem.

NOTA DA ARBITRAGEM para Patricio Loustau (Argentina) - tranquilo, presente, técnico e consciente do que fazer: esse foi o árbitro argentino ontem, que teve uma boa atuação, mostrando o cartão nas horas certas, marcando as faltas corretamente e ainda tomando a decisão correta no lance do gol de Arrascaeta. Por isso, sua nota é 9.