NO DETALHE DO CENTROAVANTE

    Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho e Paulo Sousa. Todos esses técnicos tiveram em comum, nas suas passagens pelo Flamengo, a falta de capacidade para colocar Pedro e Gabigol juntos no time titular rubro-negro. No entanto, com Dorival Júnior, a história é outra, e hoje os dois centroavantes jogam juntos sem problema, tornando o time com opções táticas e técnicas interessantes. Méritos para Dorival Júnior, que conseguiu achar uma escalação e um modo de jogar que encaixaram, e para o centroavante, que deixou para trás um período de crise após amargar o banco de reservas para se tornar um dos mais decisivos jogadores do time - a frente até de Gabigol. Foi inclusive do atacante da 21 o golaço da vitória ontem contra o Athletico/PR pela Copa do Brasil. Como é bom ter centroavante.

    Afora somente a questão Pedro, o jogo em si foi bem interessante, confrontando duas maneiras bem diferentes de se jogar futebol em dois tempos distintos. No primeiro, o Furacão, através de seu esquema 3-5-2, fez um jogo mais equilibrado e físico com o Flamengo, apesar do time carioca ter ido melhor em boa parte da etapa inicial; por sua vez, o segundo tempo foi de domínio absoluto do Fla, que abriu o placar aos 12 minutos e teve chances para empatar, só sofrendo um pouco na reta final do jogo. Assim, o Flamengo passa com todos os méritos para as semifinais.

    Jogando com três zagueiros e três volantes, o Athletico/PR praticamente repetiu a estratégia do jogo de ida, jogando com cautela e tentando roubar a bola do Flamengo para sair no contra-ataque. No entanto, quem começou melhor foi o time carioca, que controlava bem a bola no pé e frequentava o campo de ataque, embora sem levar perigo. Até que alguns espaços começaram a aparecer na defesa do Fla, principalmente à frente dos zagueiros, pois João Gomes fazia o papel de primeiro volante com o desfalque de Thiago Maia, e o Furacão começou a chegar. Some-se a isso alguns erros defensivos de Rodinei e Éverton Ribeiro e o lado direito da defesa carioca se tornava a senha para os paranaenses atacarem, embora sem efetividade.

    O Flamengo voltou a ser superior no primeiro tempo quando Vidal entrou no jogo, participando bastante ofensivamente e construindo o jogo, errando pouquíssimo. Os 25 minutos finais foram os melhores do Fla na etapa inicial, só faltou mesmo agredir o gol de Bento. Já na defesa, os pequenos sustos não mais aconteciam e a defesa, com Fabrício Bruno e Léo Pereira, tornou-se intransponível. Além deles, Filipe Luís aparecia bem nos cortes e desarmes.

    Ainda superior, o Flamengo voltou para o segundo tempo amassando o Furacão, não deixando que a equipe da casa tocasse na bola, enquanto quem mantinha a posse eram os cariocas. Foi assim, através do toque de bola, que o Fla abriu o placar aos 12 minutos em mais uma jogada aguda de Rodinei, que naquele momento havia se tornado um dos maiores temores do Furacão no jogo: em cruzamento da direita, o lateral mandou para que Pedro, com elasticidade e qualidade na finalização, virasse uma meia-bicicleta e acertasse o ângulo de Bento, que nada pôde fazer. Golaço na Arena da Baixada, que colocava o Flamengo com um pé nas semis.

    Após o gol sofrido em casa, Felipão tratou de mexer no time, colocando Vitinho e Canobbio nos lugares de Terans e Pablo, claramente apostando na velocidade como arma para empatar, o que ficou ainda mais evidente após a mudança de esquema minutos depois, com a saída do zagueiro Matheus Felipe para a entrada do ponta Cuello. No entanto, tais mexidas não surtiram efeito no jogo e o Furacão passou a cruzar muitas bolas, obviamente sem efetividade, já que não havia alguém na frente para escorar. Assim, Léo Pereira e Fabrício Bruno eram reis contra o ataque paranaense.

    Perto dos minutos finais, o Athletico até ensaiou uma tentativa de pressão, rondando a área do Fla e dando alguns chutes perigosos, mas o Flamengo se virou bem e passou incólume mais uma vez, segurando a vitória. Mesmo sem uma grande atuação como estamos acostumados o jogo todo, já que os primeiros 25-30 minutos do primeiro tempo foram bem difíceis, o Fla foi consistente, sólido e fatal, mantendo o nível de futebol jogado lá em cima. Segurando esse crescimento e encaixando ainda mais essa forma de jogar, o time carioca pode ficar muito perto de algum título de expressão nesse ano de 2022.

Em tempo:

_ Thiago Maia fez falta. Apesar de voluntarioso e inteligente, João Gomes é jogador de outras características, não podendo dar suas típicas arrancadas e botes quando posicionado de primeiro volante. Já a inclusão de Vidal entre os titulares foi sensacional: enquanto teve pernas, o chileno participou muitíssimo bem do jogo e errou pouco, sendo um dos melhores em campo. Sua escalação como titular absoluto desse meio-campo acontecerá, mais cedo ou mais tarde.


ATHLETICO/PR 0x1 FLAMENGO
Copa do Brasil 2022 - Quartas de final - Ida
Data: 17/08/2022 - 21h30
Local: Arena da Baixada, Curitiba (PR)
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Gol: Pedro 57'
Cartão amarelo: Terans, Fernandinho, Hugo Moura, Pedro Henrique e João Gomes

ATHLETICO/PR: Bento (6,5); Pedro Henrique (5,5), Thiago Heleno (C) (6) e Matheus Felipe (5,5) (Cuello, 5,5); Khellven (7), Hugo Moura (7) (Vitor Bueno, sem nota), Erick (6), Fernandinho (5,5) e Abner (5,5); Terans (5) (Vitinho, 5,5) e Pablo (4,5) (Canobbio, 5,5). Técnico: Luiz Felipe Scolari (4,5).

FLAMENGO: Santos (6); Rodinei (6), Fabrício Bruno (6), Léo Pereira (6,5) e Filipe Luís (6,5); João Gomes (5,5), Vidal (7,5) (Victor Hugo, sem nota), Éverton Ribeiro (C) (5,5) (Pablo, sem nota) e Arrascaeta (6) (Diego, sem nota); Gabigol (5,5) (Éverton Cebolinha, sem nota) e Pedro (7) (Lázaro, sem nota). Técnico: Dorival Júnior (6,5).

O CRAQUE DO JOGO: Arturo Vidal (Flamengo) - com 95% de precisão nos passes, acertos em quase todas as bolas longas e uma dinâmica de jogo que contribui para levar o time pra frente, Vidal foi o cara dessa vitória do Mengão em Curitiba. Pedro, pelo gol feito, e a dupla Léo Pereira e Filipe Luís também merecem menção honrosa.

O PIOR EM CAMPO: Pablo (Athletico/PR) - Vitor Roque fez falta. Com participação nula no jogo, Pablo não finalizou e ainda foi o primeiro a deixar o campo. O Furacão, que já não veio com uma proposta ofensiva, jogou desfalcado de um centroavante que participe do jogo.

NOTA DA ARBITRAGEM para Raphael Claus (SP): ao contrário de outros jogos, dessa vez o melhor árbitro do futebol brasileiro não foi tão bem, marcando faltinhas bobas e não dando o cartão na hora certa, especialmente no início da partida. Apesar disso, seu trabalho não influenciou no resultado, o que já é um ponto positivo quando se trata de Brasil. Assim, sua nota é 6.

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