UMA QUASE GOLEADA BASEADA NA EFETIVIDADE

    Depois de ter dado dificuldades ao Palmeiras no domingo passado e só ter perdido o jogo no detalhe, o jogo seguinte para o Internacional nesse Campeonato Brasileiro foi bem diferente: jogando bem, o time comandado por Mano Menezes abriu 3 a 0 com apenas meia hora de jogo no Beira-Rio, placar que se manteve até o final contra o forte Atlético/MG. No entanto, a partida não foi tão fácil como parece, pois o Colorado passou por alguns sustos, principalmente depois de consumado o resultado em casa.

    Diferentemente da semana passada, o Inter entrou em campo com uma estratégia diferente, contando com um centroavante desde o início da partida, caso de Alemão, e laterais de verdade fechando a defesa, como Bustos e Renê. Na frente, Wanderson e Maurício faziam companhia para o homem de área, além de Edenílson e De Pena municiando o jogo de trás. Já o Galo veio com o time considerado ideal por boa parte da torcida, com três atacantes e vários titulares, à moda Cuca de 2021. Apesar da boa formação inicial, o que se viu do time mineiro foi um show de horrores em Porto Alegre.

    Para começar, logo aos 7 minutos, quando o jogo vivia uma fase de equilíbrio mas em que o Inter já parecia mais bem postado em campo, Maurício abriu os trabalhos com uma bomba de fora da área impegável para qualquer goleiro. Com muito espaço para carregar a bola e sem receber a mínima marcação por parte dos atleticanos, o ex-cruzeirense teve tempo para carregar a bola, pensar e acertar o ângulo de Éverson. O Galo até tentou reagir com jogadas pelos lados, mas ficou encurralado perante a boa marcação do time colorado, principalmente dos zagueiros e do volante Gabriel, que não deixavam o Atlético criar. Assim, o Inter era forte na marcação, roubando muitas bolas, e nas trocas de passes, chegando ao ataque com rapidez. Foi assim que vieram o segundo e o terceiro gols, primeiro em uma bola cruzada de Edenílson pela direita, terminada em gol de Wanderson, e depois de novo com Maurício, aproveitando roubada de bola do time gaúcho. Assim, acertando tudo que tentava, o Internacional abriu 3 a 0 no Beira-Rio.

    O Galo tentou reagir ainda no primeiro tempo, mudando o posicionamento em campo para abrir a defesa colorada, mas parou em um milagre de Daniel em cabeçada de Ademir, que por sinal era um dos mais lúcidos jogadores alvinegros em campo, apesar dos erros e da má recomposição pela direita. Enquanto isso, Hulk era uma peça decorativa em campo, bem marcado por Vitão, Gabriel, Mercado e um sem número de jogadores. Buscando reverter isso, Cuca veio logo com duas mudanças para a segunda etapa, com as entradas de Pedrinho e Vargas nas vagas de Ademir e Nacho. No entanto, o primeiro não entrou tão ligado no jogo quanto se esperava, ao contrário do segundo.

    E assim, na etapa complementar, o Galo tentou, criou algumas chances, mas parou ora na boa marcação colorada, ora na falta de pontaria e ora nas defesas do goleiro Daniel, que mostrou uma grande forma para fazer pelo menos duas grandes defesas, além de mostrar segurança nas bolas cruzadas. Já no setor ofensivo, ganhando o jogo por uma boa margem, o Inter não se importou de se retrancar, raramente ocupando o campo adversário. Foi assim, nessa postura do agrado de Mano Menezes, que o time colorado conseguiu se segurar e não sofreu o gol.

    De modo geral, foi uma grande vitória da efetividade sobre a falta dela, observada também nos números: enquanto o Galo teve uma média de 69% de posse de bola, com 21 finalizações totais e 5 corretas, além de 7 escanteios e ter exigido 5 defesas de Daniel, o Inter teve a bola em apenas 31% do tempo, chutou 9 vezes ao todo, sendo 3 vezes corretamente, e não colocou Éverson para trabalhar. Sendo um time que se defende tão bem, ao gosto de Mano Menezes, vencer dessa forma não é novidade pra ninguém.

Em tempo:

_ No Galo, lesão de Guilherme Arana complica. Apesar do camisa 13 não estar vivendo seu momento mais iluminado com a camisa do time mineiro, o time é muito depende dele, pois muitas jogadas da equipe passam pelos pés de Arana. Com Dodô na esquerda, jogador de outras características, o Atlético/MG perde muito.


INTERNACIONAL 3x0 ATLÉTICO/MG
Campeonato Brasileiro 2022 - 20ª rodada
Data: 31/07/2022 - 16h
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Flavio Rodrigues de Souza (SP)
Gols: Maurício 7' e 30'; Wanderson 24'
Cartão amarelo: Mercado e Ademir

INTERNACIONAL: Daniel (7,5); Bustos (7), Vitão (6,5), Mercado (6) (Kaique Rocha, 6) e Renê (5,5); Gabriel (6,5), Edenílson (C) (6) (Estevão, sem nota) e De Pena (5); Maurício (7,5) (Johnny, 5,5), Wanderson (6) (Pedro Henrique, 5,5) e Alemão (6) (Braian Romero, 5). Técnico: Sidnei Lobo (6,5). - auxiliar técnico.

ATLÉTICO/MG: Éverson (5,5); Mariano (5), Nathan Silva (5), Junior Alonso (4,5) e Guilherme Arana (5,5) (Dodô, 5,5); Allan (4,5), Jair (4) (Rubens, 5,5) e Nacho (5) (Eduardo Vargas, 6); Ademir (5,5) (Pedrinho, 5), Keno (5,5) (Eduardo Sasha, 5,5) e Hulk (C) (5). Técnico: Cuca (5).

O CRAQUE DO JOGO: Maurício (Inter) - com dois gols marcados e uma boa atuação, não há nem como escolher outro jogador que não este meia, que quebrou um jejum de 23 jogos sem marcar. Menção honrosa para o goleiro Daniel, que segurou o resultado com grandes defesas, e para o lateral Bustos.

O PIOR EM CAMPO: Jair (Atlético/MG) - diferentemente de outras ocasiões, o volante revelado no próprio Internacional não conseguiu cumprir bem seu papel no time atleticano, principalmente na fase defensiva. Seu posicionamento equivocado certamente contribuiu para a bagunça defensiva que era o Galo nos primeiros 30 minutos.

NOTA DA ARBITRAGEM: Flávio Rodrigues de Souza (SP) - depois de ter apitado na sexta à noite, o incansável árbitro paulista fez bem seu papel nesse domingo, não contribuindo de forma alguma para o resultado e evitando polêmicas. Nos lances em que o ataque atleticano reclamou de pênaltis, o juiz foi bem, sem conversa. Por tudo isso, merece uma nota 9.

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